14.12.07



conta a lenda que dormia
uma princesa encantada
a quem só despertaria
um infante, que viria
de além do muro da estrada
ele tinha que, tentado,
vencer o mal e o bem,
antes que, já libertado,
deixasse o caminho errado
por o que à princesa vem.
a princesa adormecida,
se espera, dormindo espera,
sonha em morte a sua vida,
e orna-lhe a fronte esquecida,
verde, uma grinalda de hera.
longe o infante, esforçado,
sem saber que intuito tem,
rompe o caminho fadado,
ele dela é ignorado,
ela para ele é ninguém.
mas cada um cumpre o Destino —
ela dormindo encantada,
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a estrada.
e, se bem que seja obscuro
tudo pela estrada fora,
e falso, ele vem seguro,
e vencendo estrada e muro,
chega onde em sono ela mora,
e, inda tonto do que houvera,
à cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a princesa que dormia.


1 comentário:

Maria disse...

Lembro-me de ter dado este poema quando andava a estudar......
Foi bom lê-lo aqui.

Beijo