14.8.07

fome - maurette brandt

atravessar o teu corpo
como se não fosse matéria
e acariciar tua simetria perfeita
em ternura e fogo,
delicadeza e gula.
ensaio de magia.
percorrer-te
como trilha na mata,
um susto a cada dobra do caminho,
a cada pequeno ruído,
um arfar de folhas à minha passagem.
tomar-te
de assalto e depressa,
preenchendo a boca
com todos os segredos
até então amordaçados,
depositados
no único lugar seguro
e enveredar por todas as curvas,
archote na mão,
ofegante, certeira,
a um passo do perigo
e do gozo
da descoberta.

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