7.6.08




joaquim manuel magalhães - as escadas não têm degraus


(...)

a última claridade do dia mistura-se
à primeira da noite.
este vento na auto-estrada onde rebenta a chuva
não me vai forçar o coração; nem estas sebes
ladeadas de cimento suspenderão o voo
do que sou até ao que não és. mas será
a carícia que no cinto treme, o calor do pescoço
descoberto, os vimes da cadeira donde te levantas
quando estou quase para me sentar.

(...)

a vida acumulou-se em roldanas ao redor de tudo,
um fumo que sobe durante a noite sobre os mapas
enrolados na parede despida, há tanto nos esquecemos
de os desdobrar, de por eles chegar aos confins
do nosso mundo. e já estamos a desaparecer.



3 comentários:

Maria disse...

... criei asas e aprendi a voar...
... e a respirar por guelras...

um beijo

m disse...

só consigo sorrir :)

beijinhos

Anónimo disse...

Gostei muito deste poema.
Bjocas e até amanhã.