5.6.08




joao miguel fernandes jorge - como conversámos aquela noite.



era o quarto de azulejo.
o cheiro do tabaco.
o cão
os olhos para que visse o de fora.
cego
conhecendo a terra sem se conhecer.
em nós
fizemos sair a lua o sol.
em todos
o visível o invisível.

éramos nós e estávamos no fim do mundo.

como conversámos aquela noite.
era o quarto de azulejo
a mesa de braseira o cheiro do tabaco.
andara sem destino durante meses
e, aquela noite surgia com o simples virar a
página de um livro,
quando uma palavra torna claro o enredo de longos capítulos.
assim duas vidas se revelam.

éramos nós.
estávamos no fim do mundo, quero dizer,
encontrei-me de súbito na minha vida,
na sua vida.


7 comentários:

panapunk disse...

La muerte no es el final.

m disse...

Fogo, li este poema vezes e vezes sem conta e ainda tenho lágrimas a me cairem pela face!
Obrigada por este momento, isabel.

Beijinho grande

Maria disse...

"éramos nós e estávamos no fim do mundo"...

tão bonito, Isabel, tão bonito...
Saio daqui com um nozito, mas vai passar já...

Beijos

isabel disse...

acho que o momento áureo de um poeta é esse mesmo. criar emoções nas pessoas que o lêem. talvez ele passe por aqui e te agradeça...

eu dou-te um abraço do tamanho do mundo, martinha!

isabel disse...

maria, tu é que me fizeste ficar com um nó, sabes...

pin gente disse...

há conversas que ficam para sempre guardadas
depois vamos fazendo o monólogo
revivendo
revendo... a cor do azulejo

um beijo, isabel

Art&Tal disse...

tu nao dormes

joao miguel fernandes jorge

atira-te ao resto

fala de arte e de outras coisas

como ninguem fala

"paisagem com muitas figuras"
"a flor da rosa"
"abstract & tartarugas"
"sobras"
"um quarto cheio de espelhos"
"o que resta da manha"

entre os muitos que li