1.6.08




fiama hassa pais brandão - a porta branca


por detrás desta porta,
uma de todas as portas
que para mim se abrem e se fecham,
estou eu ou o universo que eu penso.

deste meu lado, dois olhos que vigiam
os fenómenos naturais,
incluindo a celeste mecânica
e as sociedades humanas, sedentárias e transumantes.

mas podem os olhos fazer a sua enumeração,
e pode o pensado universo infindamente ir-se,
que para mim o que hoje importa
é aquela olhada vaga porta.

que ela seja só como a vejo, a porta branca,
com duas almofadas em recorte,
lançada devagar sobre o vão do jardim,
onde o gato, por uma fenda aberta
pela sua pata, tenta ver-me,
tão alheio a versos e a universos.




4 comentários:

Maria disse...

como sabes que gosto de fiama?
:))
beijo

Anónimo disse...

este poema com esta música são uma combinação genial, isabel. foi bom encontrá-la por aqui... beijinhos*

isabel disse...

maria, já te conheço há algum tempo...

alice, obrigada :)

m disse...

a porta é como a vida. transforma-se no que nós queremos :)

beijinho