6.7.08




ana luísa amaral - fingimento poético


"finge tão completamente"



Faz-me falta a tristeza
para o verso:
falta feroz de amante,
ausência provocando dor maior.

Tristeza genuína, original,
a rebentar entranhas e navios
sem mar.
Tristeza redundando em mais

tristeza, desaguando em métrica
de cor.
Recorro-me a jornal, mas é
em vão. A livros russos (largos

e sombrios).
Em provocado rio de depressão,
nem zepellin: balão
a ervas rente.

Um arrastão sonhando-se
navio.
Só se for o que diz o que
deveras sente.

A sério: o Zepellin.
Mas coração:
combóio cuja corda
se partiu.


9 comentários:

Élio - Filomena disse...

Muito bom..

Anónimo disse...

Faz-me falta a tristeza
para o verso:
Já dizia o outro um poeta, só é poeta se viver um grande amor, se viver uma grande dor.

Maria disse...

será o poeta um fingidor?

beijos

pin gente disse...

será que o amor e o poeta só são grandes se forem tristes?

beijo
luísa

O Lápis disse...

Discreta, triste, fugaz...


Como um raio de sol às escuras.

vieira calado disse...

Penso que é a 1ª vez que chego a este simpático blog.

Bom fim de semana.
Cumprimentos.

m disse...

Os poetas são sempre, de alguma maneira, fingidores e do quotidiano

beijoca

Pedro Branco disse...

Tantos que procuram explicações para a poesia e para os poetas. Uns quantos eles próprios poesia da cabeça aos pés; outros estudiosos ou apenas curiosos. Eu, na minha ignorânica assumida, continuo a dizer e a assumir: No dia em que entender a minha escrita deixo de escrever.

Alice Matos disse...

Boa escolha. Gostei...
Bjs...