25.12.07
23.12.07
poema quase epitáfio
violentamente só
desfeito em louco
- nem um gato lunar
te arranha um pouco
morreram-te na família
irmãos mais velhos
restam retratos de vidro
e espelhos
entre as fêmeas bendita
não te quis
as outras mataste
(nem há sangue que te baste)
o chão do teu país
deu-te água e uma raiz
muitas pedras mas prisões
- senhor demónio dos sós
quando ele morrer
onde o pões?
luíza neto jorge
14.12.07
conta a lenda que dormia
uma princesa encantada
a quem só despertaria
um infante, que viria
de além do muro da estrada
ele tinha que, tentado,
vencer o mal e o bem,
antes que, já libertado,
deixasse o caminho errado
por o que à princesa vem.
a princesa adormecida,
se espera, dormindo espera,
sonha em morte a sua vida,
e orna-lhe a fronte esquecida,
verde, uma grinalda de hera.
longe o infante, esforçado,
sem saber que intuito tem,
rompe o caminho fadado,
ele dela é ignorado,
ela para ele é ninguém.
mas cada um cumpre o Destino —
ela dormindo encantada,
ele buscando-a sem tino
pelo processo divino
que faz existir a estrada.
e, se bem que seja obscuro
tudo pela estrada fora,
e falso, ele vem seguro,
e vencendo estrada e muro,
chega onde em sono ela mora,
e, inda tonto do que houvera,
à cabeça, em maresia,
ergue a mão, e encontra hera,
e vê que ele mesmo era
a princesa que dormia.
13.12.07
11.12.07
7.12.07
5.12.07
arthur rimbaud - 1854-1891
oh estações, oh castelos!
que alma é sem defeitos?
eu estudei a alta magia
do Amor, que nunca sacia
saúdo-te toda vez
que canta o galo gaulês
ah! Não terei mais desejos:
perdi a vida em gracejos
tomou-me corpo e alento
e dispersou meus pensamentos
oh estações, oh castelos!
quando tu partires, enfim,
nada restará de mim.
oh estações, oh castelos!
Subscrever:
Mensagens (Atom)