17.6.08




ana luísa amaral - silogismos



A minha filha perguntou-me
o que era para a vida inteira
e eu disse-lhe que era para sempre.

Naturalmente, menti,
mas também os conceitos de infinito
são diferentes: é que ela perguntou depois
o que era para sempre
e eu não podia falar-lhe em universos
paralelos, em conjunções e disjunções
de espaço e tempo,
nem sequer em morte.

A vida inteira é até morrer,
mas eu sabia ser inevitável a questão
seguinte: o que é morrer?

Por isso respondi que para sempre
era assim largo, abri muito os braços,
distraí-a com o jogo que ficara a meio.

(No fim do jogo todo,
disse-me que amanhã
queria estar comigo para a vida inteira)



3 comentários:

Maria disse...

Pois.....
... para sempre...

um beijo

pin gente disse...

que bonito... um diálogo entre mãe e filha é sempre interessante.

adoro este teu espaço

beijo, isbael

João Videira Santos disse...

Um diálogo de palavras interessante...Voltarei.