27.3.08



nuno júdice - braille


Leio o amor no livro
da tua pele;
demoro-me em cada
sílaba, no sulco macio
das vogais, num breve
obstáculo de consoantes,
em que os meus dedos
penetram, até chegarem
ao fundo dos sentidos.

Desfolho as páginas
que o teu desejo me abre,
ouvindo o murmúrio
de um roçar de palavras
que se juntam,
como corpos,
no abraço de cada frase.

E chego ao fim
para voltar ao princípio,
decorando
o que já sei,
e é sempre novo
quando o leio na tua pele.



6 comentários:

Maria disse...

"Leio o amor no livro
da tua pele;
...........
e é sempre novo
quando o leio na tua pele."

Como comentar? é pecado. apenas sentir!!!!

beijo

isabel disse...

lindo, não é? :)

pin gente disse...

é lindíssimo!

Mateso disse...

O tacto em palavras diáfanas glosadas na perfeição do sentir.
Belo.
Bj.

Isabel Victor disse...

Que belo poema de Nuno Júdice !

Grata pela visita ...


Bj* iv

Alyne disse...

Sou pouco de poemas, mas esse 'tocou-me'. E é tão bom integrá-lo na vida...