16.1.08


nuno júdice

trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. no fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo na
boca. pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. volto, então, à primeira
hipótese. o amor. mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.



1 comentário:

São disse...

O amor é sempre uma hipótese, talvez...
Agradeço a visita e espero-a por lá!
Saudações!