23.10.07



Wisława Szymborska (Kórnik, Polónia, 1923)

TERRORISTA… OLHA


a bomba vai explodir no bar às treze e vinte.
são neste momento treze e dezasseis.
alguns conseguem ainda entrar,
alguns sair.

o terrorista passou já para o outro lado da rua.
a esta distância ficará livre de perigo
e, quanto a vista, é como no cinema:

uma mulher de casaco amarelo... entra.
um homem de óculos escuros... sai.
rapazes de jeans... conversam.
treze horas, dezassete minutos e quatro segundos.
aquele baixinho tem sorte e senta-se na vespa,
mais um tipo alto que entra.

treze horas, dezassete minutos e quarenta segundos.
passa uma moça de fita verde nos cabelos.
só que o autocarro oculta-a.

treze e dezoito.
a rapariga desapareceu.
se foi bastante estúpida para entrar ou não,
isso se saberá pelas notícias.

treze e dezanove.
parece que ninguém entra.
há porém um careca gordo que sai.
mas olha, parece que procura algo nos bolsos,
faltam treze segundos para as treze e vinte,
e ele volta a entrar em busca das luvas que perdeu.

são treze e vinte.
como o tempo voa.
deve ser agora.
ainda não.
sim, é agora.
a bomba.... explode


3 comentários:

moonlover disse...

Arrepiante...

sente-se o passar dos segundos!

Teresa Durães disse...

poucos os poemas que li sobre a Europa de leste. Este é fenomenal!

Maria disse...

Um bonito poema de uma nobel pelos vistos pouco conhecida...

Beijo